The Falcooner é o jogo mais recente de Tomas Sala, co-fundador do estúdio Little Chicken Game Company, conhecido por desenvolver jogos visualmente únicos, e, dentro desse aspeto, este novo título não foge à exceção. Na verdade, o mesmo é uma evolução do estilo artístico de Tomas, apresentando um mundo aberto, com um vasto e fantástico oceano, onde o combate aéreo, entre várias fações, é constante. É através destas que vamos descobrir a misteriosa história de The Great Ursee e desvendar os seus segredos através de diferentes perspetivas.
Um céu enigmático
A narrativa é introduzida através da lenda dos Falconeers (lendários soldados que voam em cima de excecionais pássaros), os quais que guardam todo o conhecimento das suas vidas passadas. É através desta premissa que assumimos o papel de várias personagens, cada uma pertencendo a uma diferente nação. Achei curioso a possibilidade de iniciar a minha jornada a partir de qualquer capítulo, isto porque a história não é contada cronologicamente.
Sendo assim, temos uma perspetiva diferente do mundo em cada um dos níveis ao participar nas várias lutas contra outras fações, e piratas, que habitam este oceano em abundância. É, sem dúvida, uma forma curiosa de apresentar a história, pois através deste formato, vamos questionar várias vezes as ações morais realizadas por cada fação e descobrir quem é o mau da fita.
Contudo, esta estrutura dificulta o seguimento dos acontecimentos pois a ordem cronológica não é percetível, gerando assim alguma confusão que afeta a experiência. Todavia, a temática mantém-se interessante, consistindo em jogos políticos e conquistas pelo mar, onde a desconfiança predomina em várias regiões. Acrescentando um lore intrigante, o potencial é imenso e a vontade de explorar este universo cresce a cada momento.

“…e um vasto oceano com um milhão de histórias”
Sem dúvida que The Falconeer é visualmente excelente, recheado de ondas agitadas num belo e grande mar. Os primeiros momentos em que voei num robusto pássaro, foram verdadeiramente conquistadores graças ao feito gráfico deste título.
É mesmo surpreendente quando sabemos que este título foi desenvolvido por uma única pessoa através de muita dedicação e paixão por este mundo. Em vez de optar por um aspeto visual realista, a escolha de cel shading contribui para uma maior originalidade e construção criativa.
Apesar dos modelos das suas personagens serem bastante simples, os mesmos não prejudicam o espetáculo visual deste grandioso oceano e das suas tempestades que acrescentam alguma dinâmica na exploração.
Em sintonia, temos uma excelente banda sonora que me impressionou pelo seu impacto e músicas sincronizadas com cada momento do jogo, seja a voar relaxadamente ou no encontro de inimigos, onde esta se torna energética e intensa.
As músicas e o ambiente sonoro deste título fizeram-me recordar várias vezes a mitologia Nórdica, mais especificamente os Vikings, onde as lutas pelas suas conquistas eram o lema de vida. Achei curioso e encantador como esta ligação complementa o universo The Falconeer.
Infelizmente, o voice acting presente no jogo não tem o mesmo impacto que a sua componente sonora, variando entre diálogos bem realizados e outros que nos deixam dessincronizados com a narrativa.

Confesso que, nos primeiros momentos do jogo, senti alguma dificuldade na adaptação dos controlos, especialmente em combate. A verdade é que após a difícil aprendizagem, o resultado foi uma pura diversão enquanto realizava acrobacias pelo céu e derrubava os meus adversários!
Apesar de ter alguma acessibilidade, o jogo é bastante desafiante e necessitamos de estar muito confortáveis com as suas mecânicas de forma a sairmos vitoriosos das nossas missões. Adicionando a escolha da nossa fação, que também se representa como uma classe, podemos escolher entre as seguintes: Imperial Freelancer, Mancer Seeker, Falconeer e Mercenary. A nossa escolha irá ter um grande impacto na jogabilidade, graças aos atributos e armas que cada pássaro possui.
No que diz respeito às missões, existe uma boa diversidade e os objetivos podem variar entre: realização de entregas, escolta de navios, lutas contra outras nações ou piratas, e conquistas de bases/locais. Apesar de alguma oferta, os confrontos com os nossos adversários são constantes e, por vezes, senti que as tarefas adicionais acabaram por não se distinguir, embora também não prejudicassem de todo a experiência.

Após concluirmos o trabalho, voltamos à nossa cidade (ou base) onde podemos ouvir a sua história, comprar itens para melhorar o nosso companheiro de voo, escolher entre as missões principais ou secundárias, e a opção de simplesmente voltar a voar e explorar o oceano sem qualquer rumo!
Podemos também comprar poções que vão melhorar as habilidades do nosso pássaro, como por exemplo, a sua regeneração de vida ou a sua agilidade, assim como também podemos comprar melhores armas. No entanto, estas últimas acabam por serem parecidas e apenas se distinguem na velocidade de disparo e dano. Para além disso, as mesmas são muito caras para comprar e, normalmente, só no final do capítulo é que vamos ter dinheiro para realizar este upgrade, o que acaba por ser inútil visto que começamos do zero no próximo capítulo.

Em suma, o resultado é um clássico e intenso jogo de combate aéreo vivido a alta velocidade. Para acompanhar, temos o nosso wingman que dará suporte através das nossas ordens, seja para atacar o nosso alvo ou para nos proteger de outros. Uma mecânica de voo fundamental é a stamina do nosso pássaro, pois é através desta que conseguimos voar mais rápido e realizar manobras aéreas para nos esquivarmos dos ataques.
Se elevarmos a nossa altitude de forma abrupta, a sua barra irá descer e a única maneira de a recuperar é voar em direção à água (sem mergulho, de preferência) para voltarmos a usufruir das nossas habilidades. Esta funcionalidade torna o combate mais complexo e aumenta o desafio, mas, por vezes, provoca alguma frustração em momentos onde nos encontramos rodeados de inimigos, e a recuperação da energia torna-se difícil de realizar.
O jogo demora cerca de doze horas para terminar a história, mas cada capítulo oferece atividades adicionais caso queiram prolongar a vossa experiência.
Antes de concluir, quero apenas salientar a presença de um modo para tirar fotografias, o qual é muito bem-vindo num jogo com incríveis cenários indicados para tal.
Um voo refrescante
The Falconeer apresenta-se como uma oferta fresca e original, num género pouco habitual nos lançamentos de jogos atuais. É uma experiência de combate aéreo imersivo e divertido, por um oceano soberbo, que me deixou empolgado durante várias horas.
Apesar da estrutura da narrativa provocar alguma confusão nos seus acontecimentos, o lore do mundo foi suficiente para me deixar curioso e com vontade de o conhecer. O resultado é uma aventura excelente para os fãs do género e um dos títulos mais interessantes para experimentar nas consolas de nova geração. Agarrem o vosso companheiro e preparem-se para levantar voo numa sublime viagem onde o mar e o céu são infinitos!
Lore do mundo cativante
Visualmente e artisticamente fantástico
Banda sonora excelente
Jogabilidade divertida e imersiva
Bastante conteúdo para explorar
Estrutura da narrativa confusa
Voice acting é um hit or miss
Data de Lançamento: 10 de novembro de 2020
Produtora: Tomas Sala
Editora: Wired Productions
Género: Ação, Aventura
Disponível para: Microsoft Windows, Xbox (One, Series S e X)
Foi disponibilizado um código para análise por parte da editora.